segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Um só corpo.




Salomé não tinha noção
não queria satisfações
estava entregue ao acaso
aquela figura transitava em seus passos
e naquela noite desembaraçada
se tocaram entorpecidas
pela ilusão de um "não amanhã"
buscavam o prazer
e camuflavam sentimentos
estavam ardendo em desejos
combinavam olhos fechados
para enchergar aos cantos
o vapor daquela sedução
corrompidas pelos seus corpos nus
queimavam a chama de seu calor exacerbado
ao sabor de uma paixão inusitada

lambiam os dedos de suas palavras desmedidas
corpos quentes, sussurros que calavam
entre tímidos puxões de cabelos
cortavam os laços do pudor
com olhares que desbravam
gemidos e toques maliciosos
deixando escorrer de si
a larva quente que emergia de suas partes mais íntimas
seios colados, pernas trêmulas
camas curtas para corpos em movimento
Lia degustava dos arrepios que exalavam o gozo de Salomé
palavras obscenas invadindo o silêncio daquela noite
olhares curiosos, abriam e fechavam ao som de sua respiração
mordidas e mãos que ensaiavam palmadas suadas
molhadas
sentiam tornar-se uma só
com suas vergonhas desavergonhadas
mesclando o tesão do corpo a corpo
em apertos fortes de suas mãos
e grandes lábios aos beijos
cabelos, pelos, pele
gritos...